A expressão “arte africana” pode parecer muito redutora, compactando, como monolítica (um só bloco), uma vasta produção técnica e estilística de centenas de sociedades, reinos e culturas da África tradicional. Mas é essa mesma expressão que nos permite lembrar que as artes das sociedades da África foram rotuladas no singular, depois de terem sido chamadas de “arte primitiva” ou “selvagem”.
A arte africana não é apenas “religiosa” como se diz, mas é sobretudo filosófica. A evocação dos mitos nas artes da África é um tributo às origens (ao passado) com vistas à perpetuação (no futuro) da cultura, da sociedade, do território. E, assim, essas artes “relatam” o tempo transcorrido; tocam no problema da espacialidade e da oralidade.
• Nas Áfricas tradicionais, cada estátua, cada máscara, tinha uma função estabelecida, e não eram expostas em vitrines, nem em conjunto, nem separadamente, como vemos nos museus.
• Uma estátua não representa, normalmente, um homem, mas um ser humano integral, que tem uma parte física e espiritual – do passado e do futuro. Tem, por isso, um lado sagrado, ligado às forças da natureza e do universo.
• Uma máscara ou uma estátua concentram forças inerentes do próprio material de que são constituídas, ou que comportam em seu interior ou superfície, além de sua própria força estética. Elas não têm, portanto, uma função meramente formal.
Marta Heloísa Leuba Salum – Professora do Programa de Pós-graduação em Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP)
Atividade com máscaras
Com base na concepção acerca da arte africana apresentada no artigo acima, das turmas do 7º ano, no primeiro trimestre, criaram máscaras de acordo com os preceitos dos povos das Áfricas tradicionais. Para cumprir a tarefa, orientados pela professora Fabíola Soares, os alunos foram convidados a imaginar uma ocasião, um local, as formas, cores e de que material confeccionariam suas máscaras, observando ainda sua função na sociedade.